IA é prioridade em empresas brasileiras, mas investimento ainda é de 2%; diz estudo da Amcham
Última Atualização: 14/10/2025
A Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas, lançou, durante o Amcham Talks 2025 em Campinas (SP), a pesquisa Panorama 2026, que ouviu 629 executivos de médias e grandes empresas, representando mais de 592 mil colaboradores. O estudo revela que, embora a Inteligência Artificial (IA) esteja consolidada como prioridade número um para 2026, 77% das companhias ainda investem até 2% do orçamento em tecnologia.
Apenas 9% afirmam destinar acima de 5%, e 61% dos líderes dizem não ter percebido impacto relevante até agora. Apenas 3% conseguiram transformar a IA em novas receitas ou vantagem competitiva.
Marcelo Rodrigues, Diretor Executivo de Inovação e Novos Negócios da Amcham Brasil, afirma: “O Panorama 2026 revela um paradoxo claro: a Inteligência Artificial é a prioridade nº1 das empresas no Brasil, mas o investimento ainda não acompanha o discurso. A empresa que não investir nem aprender a criar modelos e processos a partir das oportunidades tecnológicas que a IA oferece desde já abrirão uma lacuna que poderá inviabilizar a competitividade do seu negócio.”
O estudo mostra que a aplicação da IA nas empresas brasileiras está mais presente em áreas voltadas ao cliente, como Atendimento e Experiência do Cliente (59%) e Marketing e Vendas (54%). Já em funções estratégicas, o uso é limitado, com 38% em Finanças, 38% em Estratégia de Negócio e 29% em RH e Sustentabilidade.
Quando se trata de agentes autônomos – sistemas capazes de tomar decisões sozinhas – 83% das empresas afirmam utilizá-los apenas em tarefas simples ou sequer planejam adotá-los até 2026. Rodrigues complementa:
“Muitas empresas ainda estão vendo a IA como algo a ser adicionado ao processo que já existe e assim não conseguem extrair valor, enquanto o impacto será muito mais profundo e útil para as empresas que redesenharem seus processos a partir do que a tecnologia permite. É preciso avançar para que a IA deixe de ser a finalidade em si e se torne o motor de transformação e crescimento.”
Três fatores explicam por que a IA ainda não gera impacto estrutural: 64% apontam falta de capacitação técnica das equipes, 52% citam ausência de estratégia clara de uso e 43% mencionam baixa qualidade dos dados internos.
“Os maiores desafios para o avanço das empresas brasileiras não são apenas tecnológicos, mas humanos e organizacionais. A dificuldade em executar a estratégia, a resistência cultural e a falta de liderança preparada superam, inclusive, as limitações de acesso à tecnologia”, analisa Rodrigues.
Como resposta prática, a Amcham anunciou o Hub de Inteligência Artificial, que terá três frentes de atuação: capacitação executiva, com camps e masterclasses internacionais; troca de melhores práticas, por meio de relatórios, webinars e comunidade de líderes; e projetos colaborativos, conectando empresas, startups e universidades.
“O Hub de IA é a resposta prática que a Amcham oferece para transformar dados em ação. Queremos apoiar empresas em todos os estágios de maturidade, desde quem está começando até quem já busca escala global”, destaca Rodrigues.