Relatório da Web Summit alerta para retrocessos na equidade de gênero em tecnologia
Última Atualização: 31/10/2025
- Um novo relatório da Web Summit revela preocupações crescentes com a equidade de gênero na tecnologia, mesmo com mulheres mais confiantes em assumir posições de liderança e enxergando a IA e automação como ferramentas para reduzir desigualdades.
- Apesar disso, sexismo, viés e culturas de “boys’ club” permanecem barreiras, e quase 60% das participantes relatam que o equilíbrio de gênero piorou no último ano.
- O estudo também mostra avanços em pagamento justo e aumento do protagonismo feminino em startups e eventos.
O Web Summit, principal evento global de tecnologia, divulgou os resultados de seu State of Gender in Tech Report 2025, mostrando que, apesar de avanços, barreiras históricas e novas pressões políticas e tecnológicas continuam impactando a participação feminina na área de tecnologia.
O estudo indica que quase 60% das mulheres acreditam que o equilíbrio de gênero na tecnologia piorou no último ano, frente a 48% em 2024, enquanto mais da metade (56%) afirma que mudanças geopolíticas recentes estão prejudicando a equidade de gênero.
A pesquisa também evidencia a dupla face da inteligência artificial (IA): 77% das mulheres usam IA diariamente, e 75% veem seu potencial para promover inclusão, mas uma em cada quatro teme que a tecnologia possa reforçar preconceitos existentes.
Questões de equilíbrio entre vida pessoal e carreira permanecem críticas: 56% das participantes afirmam que ainda precisam escolher entre sucesso profissional e vida familiar, frente a 49% no ano passado. A IA surge como um recurso para ganhar tempo e aliviar essa pressão.
“A IA me permite economizar tempo, tornando o equilíbrio entre a vida familiar e o trabalho menos complicado”, relatou uma das participantes.
O sexismo persiste: 49% das mulheres em tecnologia relataram ter enfrentado preconceito no trabalho, número apenas ligeiramente inferior ao de 2024 (51%). Além disso, 82% sentem que precisam superar os homens para serem levadas a sério, frente a 76% no ano anterior.
“Para sermos levadas a sério, precisamos superar; erros não são tolerados da mesma forma”, disse outra participante.
“Sempre tive que provar que sou ‘apenas uma das caras’. Sempre precisei estar à frente de tudo, pois qualquer falha mínima era vista como incapacidade feminina, e não como oportunidade de aprendizado e crescimento.”
No campo remuneratório, há sinais de progresso: 37% relatam receber pagamento injusto em comparação a colegas homens, uma queda significativa frente a 51% em 2024. Contudo, as quotas ainda dividem opiniões, com metade das entrevistadas acreditando que mulheres recebem cargos de liderança apenas para cumprir cotas.
Apesar dos desafios, o desejo de liderar cresce: 81% das mulheres se sentem capacitadas para assumir posições de liderança, frente a 76% em 2024, e quase 75% enxergam IA e automação como forças positivas para equidade, criatividade e equilíbrio.
A pesquisa de 2025 coletou respostas de 671 participantes da comunidade Women in Tech da Web Summit em Europa, Américas, Ásia e África, com idade variando entre 18 e 74 anos.
“Estamos sempre encantados com o engajamento de nossa rede anual Women in Tech”, afirmou Catarina Burguete, gerente interina da comunidade da Web Summit.
“É encorajador ver que mais de quatro em cada cinco mulheres neste levantamento se sentem confiantes em suas habilidades de liderança. No entanto, apesar da maior conscientização, os desafios centrais permanecem: viés e equilíbrio entre vida pessoal e profissional ainda dominam. A pressão para manter esse equilíbrio continua a crescer. Precisamos avançar mais rápido se quisermos mudanças reais.”
“Olhando para o futuro, estamos comprometidos em ouvir e engajar nossa comunidade global de mulheres para entender melhor como as mudanças geopolíticas e tecnologias emergentes, como a IA, continuam moldando o caminho para a equidade de gênero”, concluiu Burguete.


