Turismo regenerativo: startup em Porto de Galinhas usa tecnologia 3D para restaurar corais
Última Atualização: 18/06/2025
No coração do litoral pernambucano, uma iniciativa pioneira está mostrando que é possível viajar e, ao mesmo tempo, regenerar a natureza. Fundada oficialmente em 2022, a Biofábrica de Corais, sediada em Porto de Galinhas, é a primeira startup brasileira a unir biotecnologia à recuperação de recifes de coral, promovendo turismo regenerativo, que vai além da sustentabilidade: busca devolver à natureza mais do que se retira, envolvendo os turistas diretamente na recuperação dos ecossistemas.
A ideia surgiu em 2017, dentro de uma pesquisa de doutorado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o propósito de integrar ciência, saberes tradicionais e educação ambiental na restauração de ecossistemas marinhos. Hoje, a startup já atua em três bases: Porto de Galinhas, Tamandaré e Maragogi, e vem ganhando projeção nacional com um modelo que une conservação e experiência transformadora para os turistas.
“O turismo regenerativo vai além da sustentabilidade. Nosso foco é envolver os visitantes diretamente na recuperação dos recifes, criando conexões reais com o ambiente marinho”, explica Rudã Fernandes, CEO da Biofábrica de Corais, em entrevista ao Travel Tech Hub.

Tecnologia 3D a serviço do oceano
A Biofábrica utiliza dispositivos impressos em 3D, uma tecnologia inovadora que facilita o manejo de corais. Esses suportes possibilitam uma fixação eficiente e favorecem o crescimento dos corais, contribuindo para a regeneração dos recifes.
“As atividades são conduzidas por equipe capacitada, com base em conhecimentos científicos e saberes locais”.
Além disso, os desafios são grandes. O branqueamento dos corais, provocado pelo aumento da temperatura dos oceanos, e a sedimentação marinha são obstáculos constantes. “Esses fatores impactam negativamente os recifes e dificultam os esforços de regeneração, exigindo constante adaptação tecnológica e ações integradas de conservação”, afirma Fernandes.
Dados de 2022, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estimam que até 2050 90% dos corais podem ser extintos, devido ao fenômeno de branqueamento de corais, que pode provocar mortalidade nos corais, um dos resultados do aquecimento global.
Turistas que regeneram
Os visitantes que chegam a Porto de Galinhas podem escolher entre quatro modalidades de experiências regenerativas, que incluem flutuação com snorkel, mergulho com cilindro, vivência contemplativa na fazenda de corais e até a adoção de um coral, com direito a atualizações trimestrais por um ano. Todas as atividades são conduzidas pela equipe da Biofábrica e conectam os participantes à causa da preservação marinha de forma prática e emocional.
“Os turistas não apenas aprendem sobre os recifes — eles literalmente ajudam a reconstruí-los”, reforça a equipe.

Parcerias e expansão
O impacto da iniciativa já mobilizou parceiros do setor de turismo como CVC, Azul Viagens, Luck Receptivo e o grupo hoteleiro Amarante, além do apoio de instituições como UFPE, Instituto Neoenergia, WWF Brasil, Fundação Grupo Boticário, CNPq e Facepe.
Com resultados positivos e mais de 6 mil corais manejados, a startup já planeja expandir seu modelo para outras regiões do Brasil.