Brasil quer se tornar polo global de nômades digitais com apoio da NomadX
Última Atualização: 29/07/2025
A transformação do Brasil em um dos principais destinos para nômades digitais no mundo é o objetivo de uma parceria firmada entre a NomadX, startup portuguesa referência em nomadismo digital, e a Embratur. A iniciativa, que já ajudou a reposicionar destinos como a Ilha da Madeira (Portugal) e Pipa (RN), mira agora estruturar comunidades nômades por todo o território brasileiro, com foco em conectividade, empreendedorismo local e impacto social.
“A parceria com a Embratur vem na sequência do trabalho que fizemos em Pipa e, mais recentemente, com o Rio de Janeiro. Agora, queremos espalhar os nômades por todo o país”, conta Gonçalo Hall, CEO da NomadX, em entrevista exclusiva.
A aliança do Brasil com a NomadX também reitera a estratégia do governo brasileiro para fomentar o turismo de base tecnológica e aproveitar o potencial crescente desse público, que já ultrapassa os 40 milhões de profissionais ao redor do mundo.

“A Embratur foca em inovação e em tecnologia para trazer mais estrangeiros ao nosso país e melhorar a experiência de quem vem nos visitar. É importante mostrarmos ao mundo que o Brasil possui infraestrutura e serviços que atendem à necessidade desse perfil específico de turista e, ainda, que eles possam usufruir da riqueza natural e cultural de uma forma que só o nosso país consegue oferecer”, afirmou Marcelo Freixo, presidente da Embratur, em abril deste ano.
Mais do que atrair viajantes, o projeto quer consolidar comunidades que ofereçam infraestrutura, integração e acolhimento. Hall destaca que nômades digitais viajam “entre comunidades, não apenas entre destinos turísticos”, e que esse público — em sua maioria oriundo da Europa e dos EUA — costuma permanecer em média dois meses em cada local.
A ideia é fomentar ecossistemas locais com coworkings, colivings, experiências culturais e parcerias com empreendedores locais. “Nosso plano é lançar 10 novas comunidades até 2030, para além do Rio, Pipa e Florianópolis, que já se destacam. Queremos desenvolver destinos organizados e com impacto positivo”, afirma Hall.
Desafios do Brasil: infraestrutura e percepção
Apesar do potencial, o Brasil ainda precisa superar alguns gargalos. O principal, segundo Hall, é a falta de infraestrutura básica em locais promissores. “Itacaré, por exemplo, é lindíssimo, mas ainda tem instabilidade na eletricidade e na internet. O nômade precisa estar conectado o tempo todo.”
Outro desafio é a percepção global de insegurança. Para Hall, embora o Brasil seja um país seguro em diversas regiões, a imagem negativa ainda afasta muitos estrangeiros. “Temos que desmistificar o que é o Brasil real, mostrar que destinos como Pipa, Floripa e até o Rio podem ser seguros se bem organizados”, defende.
Se por um lado há desafios, o Brasil também tem um trunfo difícil de replicar: o povo brasileiro. Para o CEO da NomadX, esse é o maior diferencial competitivo do país em relação a destinos asiáticos como Tailândia ou Bali.
“O que diferencia o Brasil é o brasileiro. A alegria, a música, a cultura, o calor humano. Isso não se copia. Todo nômade que vem para cá acaba contagiado por essa energia e se integra com os locais. Isso faz do Brasil um lugar único”, destaca.
Impacto econômico e social
A experiência da NomadX na Madeira comprova o potencial transformador desse modelo. Segundo Hall, após o lançamento da primeira vila nômade na Ilha, o impacto direto na economia foi de 30 milhões de euros em um ano. Três anos depois, houve um aumento de 82% na criação de novas empresas tecnológicas.

“No Brasil, isso também é possível. O nomadismo digital bem estruturado pode gerar renda, transferir conhecimento e impulsionar o empreendedorismo local. No Rio, já vemos um ambiente propício para isso, com iniciativas ligadas à tecnologia e moda. Florianópolis e São Paulo também têm muito potencial”, explica.
Evento internacional no Rio em 2026
Para acelerar essa transformação, a NomadX organiza entre os dias 16 e 23 de março de 2026 o Nomad World, no Rio de Janeiro. O evento reunirá especialistas internacionais, empreendedores e profissionais interessados no nomadismo digital.
Serão dois dias de conferência e uma semana de experiências com coworkings locais e programação integrada à cidade. “É um espaço para aprender como criar e escalar negócios enquanto se viaja, e também para que empresas locais, como hotéis e restaurantes, se preparem para receber esse público”, diz Hall.